Abril Roxo é um mês dedicado à conscientização sobre a adenomiose, uma condição ginecológica que afeta milhões de mulheres no mundo todo, muitas vezes de forma silenciosa. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 40% das mulheres em idade reprodutiva podem conviver com a doença. E apesar de ser tão comum, ela ainda é pouco falada — o que atrasa diagnósticos e pode trazer impactos diretos na fertilidade, no ciclo menstrual e até mesmo durante a gravidez.
O que é adenomiose?
A adenomiose acontece quando o tecido que normalmente reveste o útero por dentro (endométrio) começa a crescer na camada muscular do útero, o miométrio. Esse crescimento desordenado pode causar sangramento uterino anormal, cólicas intensas e aumento do fluxo menstrual — sintomas que muitas vezes são confundidos com algo “normal”.
Quais são os sinais mais comuns?
Embora algumas mulheres não apresentem sintomas, muitas relatam:
- Cólicas menstruais fortes e incapacitantes
- Sangramentos antes ou depois da menstruação
- Dor durante a relação sexual
- Dor ao evacuar ou urinar
- Inchaço abdominal
- Dificuldade para engravidar
Esses sintomas, especialmente quando associados, são um sinal de alerta para buscar avaliação médica. Diagnosticar precocemente é essencial para evitar impactos na saúde, na qualidade de vida e na capacidade de engravidar.
Adenomiose pode atrapalhar uma gravidez?
Sim, em alguns casos. A adenomiose pode alterar o ambiente uterino, dificultando o transporte dos espermatozoides, afetando a implantação do embrião ou até interferindo na manutenção da gravidez. Isso significa que, mesmo após a fecundação, pode haver maior risco de sangramento na gravidez ou abortamento precoce, especialmente quando a adenomiose é severa e não tratada.
Ainda assim, é possível engravidar mesmo com o diagnóstico — por isso o acompanhamento médico é indispensável para planejar a gestação com segurança.
Qual é a diferença entre adenomiose e endometriose?
Ambas as doenças são caracterizadas pelo crescimento do endométrio em locais anormais. A principal diferença está no local:
- Na adenomiose, o crescimento é dentro da parede do útero
- Na endometriose, o tecido cresce fora do útero, podendo atingir ovários, trompas e outros órgãos
Ambas causam dor, comprometem a fertilidade e são doenças inflamatórias crônicas.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico deve combinar avaliação clínica com exames de imagem como o ultrassom transvaginal e a ressonância magnética, que ajudam a identificar alterações no útero. Um ginecologista especializado é quem vai confirmar a presença da doença.
Tem tratamento?
Sim! E ele pode variar conforme os objetivos da mulher — especialmente se ela deseja engravidar. Os dois principais caminhos são:
- Tratamento clínico: com anticoncepcionais, progesterona ou DIU hormonal, buscando reduzir os sintomas
- Tratamento cirúrgico: indicado nos casos mais graves, especialmente quando os sintomas não respondem aos medicamentos. Em situações extremas, pode ser necessária a retirada do útero (histerectomia)
Cuidar da saúde reprodutiva também é cuidar da gravidez
Se você está tentando engravidar ou já está grávida, conhecer e acompanhar sua saúde ginecológica é um passo fundamental. Muitas vezes, o sangramento na gravidez ou as dificuldades de conceber podem estar relacionados a condições como a adenomiose — que, com o diagnóstico e tratamento corretos, podem ser controladas.
Em caso de qualquer sintoma, não hesite em procurar um ginecologista. O cuidado com a gravidez começa muito antes do teste positivo — começa no cuidado com você.